O primeiro registro de desova da temporada foi feito na última quinta-feira (5)
Foto: Claudio Bellini/ Centro Tamar
A temporada de desova das tartarugas marinhas 2024-2025 foi aberta em Fernando de Noronha. A primeira desova foi registrada na última quinta-feira (5), na Praia do Leão, marcando o início de um período de reprodução que se estenderá até junho do ano que vem.
O Centro Tamar e a Fundação Projeto Tamar acompanham de perto o momento. De acordo com o analista ambiental e coordenador da base do Centro Tamar do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Claúdio Bellini, a primeira tartaruga-verde (Chelonia mydas) da temporada enfrentou um pequeno contratempo.
“Ela saiu do mar um dia antes, mas no início da Praia do Leão há muitas pedras. Naquele momento, ela não desovou e voltou para o mar. No dia seguinte, encontrou um lugar melhor, fez o ninho e deixou 114 ovos”, disse.
Estudos indicam que as tartarugas marinhas são fiéis às áreas de desova, retornando entre três e seis vezes na mesma temporada, com intervalos de aproximadamente 12 dias. Cada desova pode conter até 120 ovos. Desde o início do monitoramento da espécie, em 1994, a Praia do Leão é a favorita das tartarugas-verde em Fernando de Noronha.
O monitoramento diurno e noturno está sendo reforçado pela Fundação Projeto Tamar e pelo Centro Tamar. “Na Praia do Leão, o monitoramento noturno será compartilhado entre as equipes em dias alternados. Já o monitoramento diurno será realizado diariamente nas praias do mar de dentro pela equipe da Fundação”, explicou Rafaely Ventura, coordenadora da Fundação Projeto Tamar em Noronha.
Na temporada anterior (2023-2024), foram registradas 310 ocorrências, com 145 desovas documentadas. Para este ano, a expectativa é ainda maior. “Apostamos em uma temporada mais movimentada, com a previsão de 300 desovas. Temos muito trabalho pela frente”, afirmou Rafaely.
Foto: Fundação Projeto Tamar
O ciclo de vida das tartarugas marinhas
As tartarugas marinhas existem há mais de 100 milhões de anos e estão entre as poucas espécies que sobreviveram à extinção dos dinossauros. O Brasil abriga cinco das sete espécies conhecidas no mundo. Apesar de apenas um a cada mil filhotes chegar à fase adulta — entre 15 e 30 anos —, estima-se que essas criaturas possam viver mais de 100 anos.
O processo reprodutivo é complexo. Após o acasalamento, a fêmea armazena espermatozóides, selecionando quimicamente o mais apropriado para a fecundação. Cada fêmea pode desovar até seis vezes na mesma temporada. O sexo dos filhotes é definido pela temperatura do local de incubção: temperaturas mais altas favorecem o nascimento de fêmeas, enquanto temperaturas mais baixas geram mais machos.
Ao nascer, os filhotes enfrentam desafios imediatos. Apenas descansam ao alcançar correntes oceânicas profundas, onde estão mais protegidos de predadores.
Recomendações ao encontrar um ninho de tartaruga
Quando os pesquisadores registram um ninho de tartaruga, uma estaca de identificação é colocada no local. Caso encontre essa marcação na praia, pedimos que não remova o identificação e mantenha uma distância mínima um metro de distância do ninho para evitar danos ao local ou estresse às tartarugas.
Se presenciar uma desova, observe de longe e não interfira no processo. Informe imediatamente a localização à Fundação Projeto Tamar ou ao Centro Tamar para que possam monitorar e proteger o ninho.
Lembre-se que é proibido tocar e perseguir as tartarugas marinhas do arquipélago de Fernando de Noronha.
Por Giselle Vasconcelos - comunicação ICMBio Noronha