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Foto do escritorICMBio Noronha

OPAS chama atenção para a gripe aviária nas Américas

Organização Pan-Americana da Saúde emitiu alerta e recomendações. Pesquisador Lucas Penna, responsável pelo monitoramento de aves em Noronha, chama atenção para os cuidados que se deve ter na ilha.

Com o novo alerta sobre o surto de gripe aviária em alguns países das Américas, emitido no início de janeiro pela Organização Pan-Americana de Saúde, o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres do ICMBio reforça a atenção e o monitoramento em Fernando de Noronha. Além disso, há cuidados que devem ser tomados por todos, confira as orientações do biólogo Lucas Penna.


O que é gripe aviária


A gripe aviária, ou influenza aviária, é uma doença causada por um vírus (Alphainfluenzavirus influenzae). Esse vírus pode infectar aves e mamíferos, através de objetos contaminados, como água, aerossóis ou contato com aves infectadas, sejam indivíduos vivos ou mortos.


As aves aquáticas são hospedeiras naturais deste vírus, com infecções assintomáticas. Porém, novas cepas surgem e algumas possuem alto grau de infecção, que é o caso dos relatos mais recentes, com o subtipo H5N1.


A influenza pode afetar dois principais grupos de aves:


- Aves de criadouros e fazendas de avicultura.


- Aves silvestres.


Transmissão


Duas formas de transmissão:


- Contato com aves infectadas (normalmente as migratórias que portam naturalmente o vírus).


- Contato com pessoas infectadas (atividades humanas, contato entre aves infectadas em criadouro com silvestres, áreas de turismo intenso, interação pesqueira, pesquisas feitas sem biossegurança).


Sintomas e identificação


Em humanos não há sintomas e injúrias graves. O único caso reportado, até o presente momento, foi em um avicultor nos Estados Unidos, que teve sintomas gripais e se curou rapidamente, sem transmissão para outras pessoas. Por isso, o risco é considerado baixo para nós.


Nas aves os sintomas podem variar muito, havendo suspeita em qualquer aspecto anormal, seja de vida livre ou de criadouro. Os principais sintomas são:


- Corrimento e inchaço ocular.

- Dificuldade para respirar.

- Letargia.

- Incapacidade de se levantar ou andar.

- Convulsões, tremores, torcicolo.


Fernando de Noronha


Fernando de Noronha apresenta um risco relativamente alto de apresentar casos de gripe aviária. Entretanto, pode ser que nunca aconteça a ocorrência desta doença na região, sendo que o seu isolamento geográfico pode ser um fator que pode colaborar para isso.


Apesar de não haver grandes criadouros, existe a criação de galinhas e espécies de interesse comercial em pequena escala. Neste caso, o risco pode ser considerado baixo para a avicultura local, mas é fundamental que os criadores façam o isolamento correto das suas aves, não permitam que elas se espalhem para outros locais ou tenham contato com indivíduos de vida livre, bem como, limpar e desinfetar os locais de criação e se atentar se elas apresentam sintomas.


Para as aves silvestres, há um risco maior. Algumas espécies migratórias, como os maçaricos e as batuíras, podem ser portadoras de influenza. Se houver o contato entre as aves visitantes e pessoas infectadas com os indivíduos residentes, pode ocorrer a disseminação da gripe aviária. Algumas espécies de aves marinhas permanecem aglomeradas em suas colônias e, por isso, quando um indivíduo se contamina, fica fácil de acontecer uma contaminação em série.


Há evidências de que não há nenhum benefício em tentar controlar o vírus por meio do abate de aves ou da destruição do habitat. O ponto chave para controlar é reforçar a biossegurança e o distanciamento entre as aves e as pessoas. Espécies migratórias são fundamentais para a ecologia dos lugares onde elas permanecem e realizam um importante papel ecológico, a exemplo do controle de pragas e reciclagem de nutrientes.


O que fazer


- Não chegue perto ou toque nas aves silvestres, seja quando você estiver fazendo observação em campo, pescando ou em atividades de trabalho.

- Não alimente de jeito nenhum os animais de vida livre, com qualquer tipo de alimento. Fazer isso também é considerado crime ambiental.

- No caso de criadouros, faça um cercamento adequado das aves e não deixe elas saírem para outros ambientes ou interagirem com animais de vida livre.

- Se você realiza algum trabalho específico com aves, como no caso de pesquisas, os cuidados devem ser reforçados. Use luvas, máscaras, blusa de manga longa, óculos e demais EPIs (biossegurança e desinfecção). É recomendado lavar as roupas de campo, desinfetar os equipamentos e descartar adequadamente os itens utilizados, bem como evitar o contato com outras aves dentro de 48 horas.

- Se você sentir algum sintoma diferente ou gripal após ter contato com aves, vá até o Posto de Saúde local para reportar e avaliar o caso.

- Se você observar alguma ave com qualquer sintoma estranho, avise imediatamente para o SVO (Serviço Veterinário Oficial), sendo, no caso de Fernando de Noronha, o ICMBio e o NVA os órgãos interlocutores para isso. A influenza aviária é uma doença de notificação obrigatória e imediata ao SVO e aos órgãos responsáveis.


Caso haja detecção de uma ave suspeita, o ICMBio Noronha conta com um protocolo de avaliação de saúde, equipamentos adequados e profissionais treinados para isso. Siga estes passos:


1. Não tente mexer no indivíduo

2. Tire uma foto com certa distância da ave avistada

3. Envie a foto para o WhatsApp +55 81 99115-6860 (contato do ICMBio Noronha), informando o LOCAL avistado.

4. Caso não tenha celular na hora, informe para o monitor do Parque Nacional mais próximo de você e peça para avisar ao ICMBio Noronha.

5. Você também pode informar por meio do instagram @icmbionoronha, pelo e-mail: [email protected] ou informando na sede administrativa do ICMBio Noronha (Rua Eurico Cavalcanti de Albuquerque, nº 174, Vila do Boldró.


Referência: MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 2022. Orientações para a vigilância da Influenza Aviária em aves silvestres. Informação Técnica Conjunta 01/ 2022/DSA/SDA/MAPA. 9p.


Por Clarissa Paiva - comunicação ICMBio Noronha






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