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Foto do escritorICMBio Noronha

ICMBio amplia equipe capacitada para manejo do peixe-leão em Noronha

Espécie está em avanço populacional na Ilha e já é encontrada em praias durante mergulho de snorkel.


Agentes ambientais e voluntários receberam treinamento para o manejo

O ICMBio de Fernando de Noronha está aumentando o número de capacitações para o manejo do peixe-leão, espécie invasora que já causou desequilíbrio ambiental em regiões como o Caribe, e vem povoando o litoral do Norte e Nordeste brasileiro, causando preocupação aos ambientalistas. As capturas têm sido diárias e até o fechamento desta reportagem (em 18 de outubro) o número chegou a 305 indivíduos capturados desde o primeiro avistamento. Só em setembro, durante uma operação especial em áreas onde não há mergulho dentro do Parque Nacional Marinho, uma operadora parceira capacitada para a atividade encontrou e capturou 122 peixes-leões.


Foto: Fernando Rodrigues

Manejo do peixe-leão é feito em parceria com empresas de mergulho

Em Noronha a espécie começou a ser encontrada com mais frequência, inclusive nas praias do Porto, Boldró e Sancho por praticantes de mergulho livre. Para ampliar o número de pessoas autorizadas a realizar o manejo do peixe, uma nova turma de servidores da Unidade foi capacitada: “O peixe está em fase de crescimento populacional acelerado, o que é esperado em bioinvasões, e por isso é importante que o manejo também seja ampliado” – explica a bióloga Clara Buck, bolsista do programa GEF-Mar no ICMBio.


A espécie, que é originária do Indo-Pacífico chegou à América do Norte na década de 80, provavelmente pela ação humana, para uso ornamental em aquários e ao cair no mar conseguiu se reproduzir a ponto de se estabelecer em grande número. O peixe encontrou nas águas do Caribe um ambiente propício ao seu desenvolvimento, além de muita opção alimentar. A espécie, que não tem predador natural no oceano Atlântico e come até 20 peixes a cada meia hora, também tem a capacidade de se reproduzir rapidamente, podendo colocar até 30 mil ovos de uma vez.


Em Noronha o ICMBio começou a atuar desde antes da chegada do peixe, emitindo alerta aos mergulhadores. Assim que o primeiro avistamento aconteceu, no final de 2020, foi colocado em prática um plano de emergência que contou com capacitação da equipe local, com a construção de material educativo / informativo e com a parceria com o pesquisador Paulo Bertuol, que atua em Bonaire, no Caribe, onde a espécie já causou danos ambientais. Desde então, o trabalho de manejo do peixe vem sendo feito com auxílio importante de operadoras de mergulho dentro e fora do Parque Nacional Marinho.

Primeira capacitação de mergulhadores em Noronha foi realizada em Noronha, em 2021, pelo pesquisador Paulo Bertuol, que trabalha com o manejo do peixe-leão em Bonaire, no Caribe.

Entre os desafios para combater a espécie está o uso de equipamento específico para a captura. Além de não ser permitida a pesca por arpão nas Unidades de Conservação da Ilha, o peixe-leão possui 13 espinhos venenosos, que podem causar de vermelhidão até convulsão em humanos; por isso é necessário a utilização de um contentor específico durante o manejo. A equipe de Pesquisa do ICMBio já desenvolveu, com materiais disponíveis na Ilha, um contentor similiar ao usado em Bonaire e que vem demonstrando eficiência na contenção dos peixes.


Existe a possibilidade de que, em uma próxima fase do plano de manejo, o peixe possa ser liberado para pesca e consumo; mas até que esta liberação seja feita por outros órgãos como Ibama e Vigilância Sanitária, todos os peixes retirados do mar são pesados, medidos, e enviados para análise de DNA e estudos na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e na Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Riscos aos banhistas – É importante saber que dificilmente um banhista irá se machucar com o peixe-leão, já que a espécie costuma se abrigar em tocas e locais de difícil acesso.


Como ajudar – Se um pescador ou um praticante de mergulho livre encontrar um peixe-leão durante snorkelling nas praias da Ilha, o ICMBio recomenda observar o local onde o peixe foi visto e a média de tempo entre o avistamento e a entrada do mergulhador no mar. Ele deve informar ao ICMBio através do monitor ambiental mais próximo ou preenchendo um formulário online, disponível em: bit.ly/peixeleao


Resultados do Manejo – Apesar dos desafios impostos no combate ao peixe-leão, a bióloga Clara Buck, explica que em Noronha há possibilidade de controle populacional da espécie, evitando que o desequilíbrio ambiental e a escassez de algumas espécies comece a ser sentido. “Esse controle é possível pela grande quantidade de mergulhos que ocorrem no arquipélago, com uma média de 25 mil mergulhos, além de Fernando de Noronha estar protegida por duas Unidades de Conservação, fazendo com que existam localmente espécies nativas capazes de se tornarem possíveis predadores do peixe-leão ao longo do tempo e espécies que competem com ele por espaço e alimento, como a piraúna e o dentão.”


Por Clarissa Paiva - comunicação ICMBio Noronha





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