Entender o funcionamento dos ecossistemas das ilhas oceânicas brasileiras é o principal foco do projeto.
Foto: acervo Peld
O Programa Ecológico de Longa Duração nas Ilhas Oceânicas - PELD ILOC (@peld_iloc) completa, em 2023, 10 anos de estudo no Arquipélago de Fernando Noronha, Atol das Rocas, Arquipélago de São Pedro e São Paulo e Arquipélago de Trindade e Martin Vaz.
Neste ano, a expedição trouxe a Noronha uma equipe de 10 pesquisadores, para coleta de dados e implantação de novas técnicas de estudo da biodiversidade marinha. Além da instalação de uma boia oceanográfica na Ilha (que mede altura de onda, temperatura da água e velocidade de correntes e do vento e transmite em tempo real), o projeto também vai testar o uso de novos equipamentos para estudo de microorganismos mais difíceis de serem estudados pelo seu tamanho e complexidade.
O projeto é coordenado pelo professor Dr. Carlos Eduardo Leite Ferreira da Universidade Federal Fluminense e pelo vice-coordenador professor Dr. Sérgio Ricardo Floeter da Universidade Federal de Santa Catarina. Além do monitoramento da biodiversidade marinha a longo prazo, o projeto traz à tona a importância na criação de soluções de problemas atuais e futuros, como por exemplo o tratamento contra as células cancerígenas.
Bioprospecção de organismos marinhos
Foto: acervo Peld
Com o objetivo de procurar dentro das comunidades biológicas das ilhas oceânicas repositórios de compostos e recursos químicos e genéticos, a pesquisadora Bianca Sahm atua em colaboração ao PELD ILOC, juntamente com a também pesquisadora Letícia Costa Lotufo do Instituto de Ciências Biomédica da USP, onde estão desenvolvendo o estudo de exploração da biodiversidade marinha do ponto de vista biotecnológico.
O foco da pesquisa são os micro-organismos que ocorrem junto com as comunidades biológicas das ilhas, como por exemplo o estudo das ascídias (espécies de invertebrados) que são organismos complexos, conhecidos pela sua capacidade de produzir substâncias que já estão sendo utilizadas hoje em dia no tratamento do câncer.
Diversidade escondida
Foto: acervo Peld
Uma novidade do projeto é a vinda e inclusão do Programa Global “ARMS” coordenado pela pesquisadora brasileira Flávia Nunes que trabalha no French Institute for Ocean Science, o IFREMER.
Esse projeto de pesquisa para investigação do mar utiliza uma estrutura autônoma de monitoramento recifal, cuja sigla em inglês é ARMS, permite que os organismos que estão escondidos nos recifes ou dentro de outros organismos, por exemplo, sejam estudados e analisados. A partir de 1 ano de instalação das estruturas, já é possível coletar os dados e fazer as análises.
Nesta temporada do PELD ILOC em Noronha, os ARMS foram instalados em dois pontos do Arquipélago: nas Cagarras e na Ponta da Sapata.
Predadores de grande e médio porte
Além dos estudos dos microorganismos e os pequenos peixes, o Projeto PELD ILOC conta também com o uso de uma ferramenta complementar ao senso visual, o BRUVS (vídeo remoto subaquático com isca), que é uma estrutura de filmagem remota que utiliza iscas para atrair peixes maiores. O interessante do uso dessa ferramenta é que, por ela permitir o uso de isca sem a necessidade de um mergulhador junto a ela, se torna capaz o estudo de predadores de grande e médio porte.
Educação Ambiental
Outra importante face do projeto é a divulgação científica com linguagem acessível a todos: o PELD ILOC uniu-se a outros projetos de pesquisa que atuam na Ilha para criar a Rede ONDA ILOC, que é uma sigla para “Observadores da Natureza para o Desenvolvimento Ambiental nas Ilhas Oceânicas Brasileiras. O foco desta vez é a educação ambiental e o estímulo à Ciência Cidadã. Em Noronha, única ilha oceânica do país com visitação, é possível participar enviando registros da biodiversidade marinha e marcando o perfil @onda_iloc nas publicações de animais marinhos feitas por moradores e turistas no Instagram.
O chefe de Pesquisa e Manejo do ICMBio Noronha, Ricardo Araújo destaca a importância do projeto para a conservação: "para entendermos a dinâmica ecológica de Fernando de Noronha a longo prazo esse trabalho do PELD ILOC é fundamental. Ter essa equipe de pesquisadores da mais alta qualidade cientifica trocando informações conosco, dando apoio em outras questões que afetam o Parque Nacional Marinho é um privilégio. Agora com o projeto de Educação (ONDA ILOC) que começa a ser implantado na ilha vamos ter a Ciência mais próxima da comunidade" - comemora Ricardo.
Confira mais fotos da expedição do Peld Iloc por Noronha:
Para mais informações sobre o projeto pelas ilhas oceânicas, acesse o site https://peldiloc.sites.ufsc.br/pt/ ou os perfis no instagram @peld_iloc e @onda_iloc
Por Monique Menezes (voluntária Comunicação ICMBio Noronha) com colaboração de Marina Sissini